12 abril 2012


E se as mães parassem de trabalhar?

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Recebi um comentário em meu blog que me deixou meio entristecida....


A leitora escreveu que eu trabalhava demais e iria acabar perdendo a minha família, que era o mais importante... algo assim...

Eu queria ficar em casa o tempo todo vendo os meus filhos crescerem, levar a minha filha na escola, enfim fazer estas coisas todas, mas a realidade é que no final do mês agente tem um monte de contas para pagar, se o filho adoecer e não tiver plano de saúde agente leva pra onde? Para o "SUSTO" ( Sistema único de saúde )....

Enfim é por essas e outras que eu levanto todos os dias ás 05:30 hs da manhã para trabalhar...

É triste vc colocar a mão no bolso e não achar nenhum $$$$$... sabe como é.....

Trabalho não porque quero, mas porque preciso... e fico o tempo todo de olho nas oportunidades...

Gosto de ver os meus filhos arrumadinhos, bem cuidados, estudando em uma boa escola, tendo uma boa alimentação e conforto, tudo isso custa caro e precisa ralar para ter.

Respeito as mães que optaram por não trabalhar fora, mas até encontrar outra fonte de renda eu precisarei trabalhar...





Encontrei uma reportagem da revista época que aborda um pouco essa questão do trabalho da mulher.

Fonte: Revista Época


ÉPOCA ouviu três autoras norte-americanas que escrevem sobre as relações entre carreira e maternidade. Conheça um pouco mais da opiniões que elas defendem


A americana Leslie Bennetts é autora do livro The Feminine Mistake (O Erro Feminino) e editora da revista Vanity Fair

Época ? É possível uma mulher realizar-se como mãe e, ao mesmo tempo, manter-se em uma carreira desafiadora?

Leslie Bennetts ? Claro que sim. É ridículo dizerem que não. Milhões de mulheres no mundo fazem isso. Não quero dizer, porém, que conciliar carreira e filhos seja fácil. O equilíbrio é alcançado mais facilmente nas famílias em que homem e mulher dividem as contas, as tarefas domésticas e a educação das crianças. Eu, por exemplo, sou uma mãe realizada e sempre trabalhei em período integral, em uma carreira desafiadora e fascinante. Tenho dois filhos maravilhosos. Uma menina de 18 anos e um menino de 15. Consegui educá-los como a maioria das mulheres, me virando do avesso e tentando ser flexível. As mulheres têm saber que as conseqüências de abandonar o trabalho podem ser sérias.



Época ? Quais são as conseqüências?

Bennetts ? A perda da independência financeira deixa a mulher vulnerável. Muitas delas se esquecem de que há riscos como o divórcio (que atinge 50% dos casais norte-americanos) e de o marido ficar desempregado, doente ou morrer. Nos Estados Unidos, as mulheres ficam viúvas, em média, aos 55 anos. Aos 60 anos, dois terços das americanas não têm parceiros. E muitas delas não têm recursos financeiros suficientes para se manter. A probabilidade de uma mulher terminar a vida pobre nos Estados Unidos é duas vezes maior que homens. Quatro de cada cinco mulheres que terminam na pobreza não viviam nessa condição quando tinham o apoio do marido.



Época ? Mas a mulher que deixa de trabalhar por algum tempo pode voltar ao mercado de trabalho...

Bennetts ? Voltar pode ser muito complicado. Quando saem do mercado, muitas mulheres acham que será fácil retornar. Mas quando procuram recolocar-se ficam chocadas com a dificuldade. Estudos mostram que se duas mulheres, uma com filhos e a outra sem, com as mesmas qualificações procurarem uma colocação no mercado, a que não tem filhos receberá muito mais ofertas de emprego e salários mais altos que a que tem filhos. Isso é discriminação contra as mães. Empregadores não querem contratar mulheres que ficaram um tempo fora do mercado. Acham que elas não são habilitadas e estão desatualizadas.



A jornalista Ann Crittenden é autora dos livros If Youve Raised Kids, You Can Manage Anything (Se Você Educou os Filhos, Você Pode Gerenciar Qualquer Coisa) e The Price of Motherhood (O Preço da Maternidade)

Época ? É possível calcular o preço de ser mãe?

Ann Crittenden ? Há muitos elementos que compõem o preço da maternidade. Um deles é a dificuldade de deixar o trabalho e retornar mais tarde. Se o mercado fosse mais flexível, as perdas financeiras por deixar de trabalhar durante um tempo ou por trabalhar meio período seriam muito menores. Nos Estados Unidos, com apenas um filho, é muito fácil perder US$ 1 milhão.



Época ? Como resolver esse problema?

Crittenden ? Atualmente muito mais mulheres estão conscientes sobre esse problema e estão pressionando mais por mudanças, como a criação de leis contra a discriminação no trabalho. Empregadores não querem contratar mulheres com filhos pequenos. Isso deveria ser contra a lei. Um grande número de mulheres que ficam em casa o dia todo cuidando dos filhos preferiria trabalhar meio período ou em horários flexíveis. Mas isso é muito difícil. Na França mulheres trabalham com muito mais facilidade que nos Estados Unidos. Na Holanda o número de vagas em horários flexíveis tem aumentado e os benefícios também. Com isso, também tem aumentado o número de mulheres no mercado. Na Suécia há uma lei que permite que a mulher fique 75% de seu tempo com os filhos que ainda não estão em idade escolar.



Época ? O problema maior para as mulheres é a inflexibilidade das empresas?

Crittenden ? É. Os empregadores deveriam encarar a maternidade como algo normal e natural na vida de suas empregadas. E enxergar que elas querem ter uma vida profissional, e não apenas uma vida familiar. Deveria haver regras que não permitissem horas-extras. Nos Estados Unidos a possibilidade de a pessoa dizer que não pode fazer horas-extras não existe. A mulher não pode ser jogada numa situação de dependência financeira e ficar marginalizada economicamente quando tem filhos. No mundo moderno, isso é anacrônico. Quando as mães têm renda, os filhos são beneficiados. Elas gastam mais que os pais na educação e na saúde dos filhos. Do ponto de vista social, é muito melhor as mães terem renda. No México o governo paga para as mães, e não para os pais, manterem seus filhos na escola e levá-los freqüentemente a postos da saúde. A mãe recebe o dinheiro pela família. O prefeito de Nova York esteve no México para conhecer esse programa e ver se é possível implantá-lo em Nova York.



Shoshana Zuboff, professora da Harvard Business School, é autora do livro O Novo Jogo dos Negócios (Campus/Elsevier)

Época ? As empresas estão organizadas para atender às demandas das mulheres?

Shoshana Zuboff ? Não. Como mulheres, estamos vivendo como nunca antes. Nenhuma geração, seja a de nossas mães, avós ou bisavós, nunca viveu como nós hoje. Temos novos interesses, aptidões, sensibilidade e desafios. Somos educadas, viajadas e informadas. Participamos de todas as dimensões da vida. Mas as empresas para as quais trabalhamos ainda estão organizadas em uma lógica desenvolvida há 100 anos, quando havia apenas homens trabalhando e em posições de destaque. Se olharmos atentamente as políticas de recursos humanos das empresas, vamos perceber que elas estão construídas de acordo com o ciclo de vida dos homens. Eles trabalham duro. Atingem o pico da carreira aos 40 anos. Depois começam a ficar menos produtivos e, aos 60, se aposentam. Quando esse modelo foi construído, logo depois da aposentadoria a pessoa morria. O que aconteceu foi que milhões de mulheres no mundo passaram a trabalhar e a tocar suas carreiras. E elas se descobriram aprisionadas em um sistema de gerenciamento que foi construído para os homens. Uma das principais suposições é que a pessoa tem de colocar seu tempo à disposição de maneira contínua. A imagem que as pessoas têm é que se você não estiver na empresa, você não está comprometida com a sua carreira.



Época ? Mulheres que deixam a carreira por algum tempo são penalizadas?

Zuboff ? São. Nesse sistema em que as empresas estão organizadas, indivíduos modernos estão em desvantagem. Atualmente, homens e mulheres muito freqüentemente querem gerenciar suas carreiras de maneira muito diferente. Ambos não querem trabalhar ininterruptamente. Querem ter mais liberdade e flexibilidade, o que significa poder trabalhar em casa ou na rua, por exemplo. Pessoas que não se adaptam ao velho modelo são penalizadas. Todas as estatísticas dos Estados Unidos e da Europa mostram que mulheres que interrompem a carreira por algum tempo para cuidar dos filhos são penalizadas. Elas não são levadas a sério se tentam trabalhar meio período. São punidas por superiores e colegas por não estarem por perto o tempo todo. Perdem oportunidades. É freqüente a mulher ter dificuldades ao voltar a trabalhar período integral. A instituição não mudou tanto quanto as pessoas que trabalham nela. E são as mulheres que absorverem todos os custos da lacuna que existe entre quem são, o que precisam, a vida que gostariam de ter no século XXI e como as empresas estão organizadas.



Época ? Ficar em casa é realmente uma escolha da mulher ou muitas tomam essa decisão por que são forçadas por ter atividades inflexíveis?

Zuboff ? Há mulheres que escolhem ficar em casa para cuidar dos filhos. Mas é um tipo de Escolha de Sofia. É ultrajante e injusto as mulheres terem de tomar essa decisão. As estatísticas mostram que a grande maioria quer continuar a trabalhar e cuidar dos filhos. Mas é tão difícil fazer isso que as mulheres optam por abandonar a carreira. Essa escolha, portanto, não é livre. É triste ver que em muitos países onde mulheres atingiram posições de prestígio, elas o fizeram antes de ter filhos. Muitas delas se sacrificaram e não tiveram filhos para priorizar a carreira. Evitaram a escolha trágica, o dilema. Quando uma mulher se torna mãe, a empresa começa a questionar o quanto comprometida ela está com o trabalho. Muitas mulheres sentem essa pressão, de ter de provar que são capazes de fazer tudo o que faziam antes e, além disso, cuidar do filho. Parar de trabalhar pode atrapalhar a carreira de uma mulher. Mas o que temos de pensar, porém, é que tipo de dor é mais forte. A de sacrificar a carreira ou a de ficar separada do filho e de não cuidar dele? Por isso digo que é a Escolha de Sofia. Mas há duas coisas positivas em tudo isso. Uma é que carreiras hoje em dias são diferentes de antes. Mesmo a maioria das empresas sendo inflexíveis, as pessoas estão começando a tomar as rédeas de suas carreiras. Elas trocam de emprego mais facilmente. As carreiras estão ficando mais diversas e fragmentadas. Isso pode criar oportunidades para mulheres no sentido de sair de uma empresa, ficar em casa com o filho e, em seguida, retomar a carreira em outro lugar. Talvez em uma empresa menor, que aprecie seu talento.



Época ? Como a senhora conciliou carreira e maternidade?

Zuboff ? Quando tive o meu primeiro bebê estava trabalhando período integral como professora da Harvard Business School. Fui uma das primeiras mulheres a trabalhar lá. Fui a primeira a ter um bebê. Trabalhava oito horas por dia e achava muito doloroso ficar longe da minha filha. Decidi trabalhar por alguns anos meio período. Essa decisão foi controversa, pois eu era professora há 10 anos. Era a primeira a dar à luz e ninguém lá trabalhava meio período. Fiz muitos inimigos por isso. As pessoas não gostavam que eu não estivesse na universidade período integral. Lembro-me que um dia estava em casa e um colega de Harvard, que estava trabalhando comigo em um projeto, ligou. Minha filha nos interrompeu porque precisava tomar água. Peguei água para ela e voltei a conversar com o meu colega. Ele disse: esse é um tipo de vida monótona, sem graça. Houve oportunidades das quais fui excluída porque estava sendo punida por não estar na universidade o tempo todo. Isso doeu. Mas nenhuma dessas feridas pode ser comparada ao que eu sentia por estar longe da minha filha. Quando eu tive o segundo filho, disse para mim mesma: senti falta da minha primeira filha nos primeiros dois anos, não cometerei esse erro novamente. Fui capaz de ficar com ele porque continuei a trabalhar meio período. Claro que algumas atividades ficaram mais difíceis, como estar no campus ou envolvida em atividades em grupo. Foquei minha energia em atividades que podia fazer sozinha, mas nunca parei de trabalhar.



8 comentários:

Si, mãe da Bela e do Lipe disse...

É tão ruim quando agente coloca nosso coração em algum post e recebe algum comentario que incomoda né ... ja aconteceu comigo e por isso penso 10 vezes antes de escrever o que não é legal pq este é o nosso espaço né e mesmo que o comentario esteja recheado de boas intenções tem que se tomar muito cuidado ....

quanto a polemica trabalhar x maternar eu vou te confessar que não sei se existe um certo ou um errado eu acho que os dois lados tem prós e contras ... eu trabalho justamente por todos os motivos que vc colocou na postagem masss adoraria ter condições de ter uma vida BOA e poder ser mãe em tempo integral ....

fica triste não viu !!!

beijão

Unknown disse...

Querida não se deixe entristecer. Sempre haverá bons e ruins comentários. Nunca estaremos sempre de acordo com o que os outros acham. Mas a sua posição como mãe, profissional e acima de tudo mulher é cuidar dos filhos , e se a forma no momento é você trabalhando fora, com certeza você esta fazendo o que é correto. Não esta prejudicando ninguém nem a você mesmo. A realidade de uns é uma e a nossa pode ser diferente. Tenho plena certeza que você tem demonstrado bons exemplos , sendo uma mãe que trabalha fora não desmerecendo em nada as mães que trabalham em casa. Enfim, quando se entristecer assim, respira e lembre-se do sorriso dos seus filhos!! Eles dão força em qualquer momento !! Super bjs, Elo

Anônimo disse...

Olá amiga, gostaria de lhe pedir desculpas se o comentário que fiz ontem mexeu com vc, li as matéria a cima, mas a minha opinião é mesma, eu tenho três filhas, uma de dois, uma de cinco e uma de nove. Eu trabalhava em uma empresa e ganhava muito bem. Eu passai a observar que o que ganhava não valia apena, e que o amor dos meus filhos e do meu esposo eram muito mais importante. As vezes amiga, é melhor passar um pouquinho de aperto do que perder o amor da família. Quando leio as suas matéria dar pra perceber que vc é uma mãe muito preocupada.
Peça direção a Deus, se vc for evengelica, ou procure a ajuda de pessoas que já passou por essa situação. Não fique preocupada, gosto muito do seu blog leio as sua matéria todos os dias.

Ich, Hausfrau disse...

Oiê... tudo bem? Muito obrigada pela visita lá no blog. Eu adorei! Espero te ver novamente por lá! Quanto ao seu post, eu acredito que cada um sabe o que é melhor para si e sua família. Graças a Deus, eu pude largar o meu emprego para poder cuidar da minha filha em tempo integral. Isso foi de comum acordo com meu marido. Eu não acho que vc tá fazendo errado, pois está batalhando pelo bem estar de seus filhos. Isso é uma forma de mostrar amor tbem. Como eu disse, só vc sabe o que se passa na sua casa e por isso só vc pode saber e decidir o que é melhor para todos! Não fique triste, pois tenho certeza de que vc está sendo a melhor mãe que vc pode ser para seus filhos, trabalhando fora ou não. bjo

Baby Rodrigues disse...

Nossa que coisa chata. Olha eu acho que essa decisão e muito intima sabe, eu trabalho estudo e dou atenção que minha filha precisa, e ela e portadora de necessidades especiais.
Faço tudo que posso por ela mais e por esse motivo que ela precisa de mim da minha atenção do meu carinho e do meu financeiro tb.
maes podem sim trabalhar e ser MAES.
Obrigada texto lindo.

Syl - Minha Casinha Feliz disse...

Amiga, não fique chateada com esse tipo de comentário. Vc faz o seu melhor para sua família e sim, a gente tem que pensar no lado financeiro, afinal, amor não enche barriga, não é?

Beijos
Syl
http://minhacasinhafeliz.blogspot.com.br

Futura mãmã disse...

Ah amiga vc e sabe porque trblha tanto..se trblha e porque precisa neah msm. Nao ligue para esses comentarios. bjs

bebeboneca.blogspot.com disse...

Oi amigas, obrigada pelos comentários.
Verônica, talvez eu tenha interpretado mal a mensagem que deixou, é que estes dias eu estou uma pilha.
um grande abraço para todas.

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